Safra

Colheita será de queda para o arroz e boa para a soja

Joyce Noronha

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
O agricultor Roberto Santini, junto com o filho Daniel, semeou uma área maior de soja pela desvalorização do arroz

A cerca de um mês do início das colheitas de soja e arroz na Região Central, o escritório regional da Emater estima uma boa safra para a soja, e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) prevê menor produtividade dessa cultura.

No caso da soja, dos 951 mil hectares plantados na região, devem ser colhidos 50,72 milhões de sacas, pois a produtividade esperada atualmente é de 54 sacas por hectare - na safra passada, a média foi de 47 sacas. Segundo o assistente técnico regional em manejo de recursos naturais da Emater Luís Fernando Oliveira, é um bom resultado, mesmo com o registro de 27 mil hectares inundados durante as chuvas constantes de janeiro. Oliveira explica que a perda registrada nas áreas atingidas seja de aproximadamente 50%, ou 41.933 toneladas de soja perdidas. Contudo, ele avalia que, como houve incremento de área cultivada de 20 mil hectares, a estimativa da produção da Região Central se mantém a mesma da que foi feita no início da safra.

Sobre a expectativa de preços, Oliveira faz um cálculo com o valor médio praticado na semana de 4 a 11 de fevereiro, que foi de R$ 67,29 por saca. Se a média de preços se mantiver até a colheita, a região terá receita bruta de R$ 3,4 bilhões. O cálculo considera as áreas plantadas de soja nos 35 municípios da região administrativa da Emater daqui.

ARROZ EM BAIXA
Já o coordenador regional do Irga, Pedro Hamann, conta que 135.178 hectares de arroz foram semeados na Região Central, mas, por dois fatores, a colheita será menor que a do ano passado: redução de área plantada e perda da produtividade por falta de condições favoráveis. Ele diz que, além do excesso de chuvas em janeiro, a falta de radiação solar durante o período reprodutivo da cultura é determinante na queda da produção. 

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Do total plantado, 12,5 mil hectares foram atingidos por enchentes e 25% da área registrou perda total. Os 75% restantes terão produtividade reduzida, segundo o coordenador regional do Irga. No Estado, a produtividade esperada era de 158 sacas por hectare, e caiu para 148.

Quanto à expectativa de preço, Hamann acredita que o valor praticado deverá aumentar após o término da colheita, por causa da queda na produção em todo o Estado. O que pode afetar diretamente o bolso do consumidor, já que isso resulta em alta nos preços do arroz no mercado.


Produtores investem cada vez menos na cultura de arroz
O agricultor Roberto Rossini Santini, 54 anos, conta que, neste ano, fez a rotação de 45 hectares de arroz para soja. Ele, que é sócio da Granja Irmãos Santini, no distrito de Arroio do Só, explica que a escolha foi por dois motivos: para revitalizar o solo e, principalmente, pela desvalorização do arroz.

Santini conta que, antigamente, a família plantava somente arroz, mas, de alguns anos para cá, começou a investir na soja, que tem melhor preço de venda no mercado. Pelos indicadores rurais, desde o dia 5 de fevereiro, a saca de arroz, com 50 quilos, tem preço de compra de R$ 38,85, já a de soja, com 60 quilos, é vendida a R$ 67,82. Uma diferença de quase R$ 30 por saca.

Ainda assim, Santini semeou 42 hectares de arroz e 200 hectares de soja na safra 2018/2019. Ele espera que, nesta fase da cultura de arroz, as chuvas dos próximos dias sejam frequentes e não muito intensas, com média de 15 a 20 milímetros por semana, pois é o momento de crescimento do grão, que necessita de água em medida moderada.

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O produtor comemora que a região onde tem as lavouras, tanto de soja quanto de arroz, não foi tão atingida pelas enxurradas de janeiro, e a granja registrou perda dentro do esperado. Ele estima colher 60 a 65 sacas por hectare de soja e 180 sacas de arroz por hectare.

PERDAS REGISTRADAS
Para o agricultor Nedison Daniel Cavichioli Cassanego, 46 anos, as chuvas excessivas trouxeram grandes prejuízos. Ele conta que semeou 45 hectares de arroz e 240 de soja. Contudo, sofreu grandes perdas no arroz. Ele estimava colher 180 sacas por hectare. Agora, prevê que deverá conseguir, em média, 100 sacas por hectare. Já na plantação de soja, o produtor está mais otimista e tem expectativa de 60 sacas por hectare. 

Além disso, ele acredita que fechou um bom contrato para a safra de soja com um cliente que vai comprar 50% da sua produção por um preço já fechado. Assim, o agricultor diz que conseguirá quitar o valor gasto com os insumos sem ficar no vermelho.

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